Os modelos atuais de gestão de negócios para as empresas, independentemente de seu porte, nacionalidade e mercado de atuação, têm como um de seus diferenciais competitivos o uso estratégico dos dados.
Muito embora seja algo demasiadamente comentado, há poucas empresas que fazem uso prático deles. No entanto, o fato positivo é que muitas empresas, sem dúvida alguma, tratam do assunto e colocam-no na pauta de suas prioridades, sem uma questão de tempo para sua adoção.
Nesta discussão, tem papel relevante o conceito Data Driven, que orienta a gestão por meio de dados e informações. Quando aplicado ao Marketing, fato que é bem comum, o Data Driven é direcionado, em termos práticos, por exemplo, ao uso em ações voltadas à construção de relacionamentos com aqueles que já são clientes e outros tantos que estão no alvo como prospects, assim como no desenvolvimento de campanhas para o posicionamento de marcas e, também, à geração de vendas.
Por meio de sua aplicação, achismos, referências pessoais e decisões antes tomadas apenas com base no feeling são substituídos por dados e informações que, articulados num contexto maior, qualificam as decisões, pois são baseadas dentro de uma análise inteligente, preditiva e estratégica, com o uso dos recursos, benefícios e vantagens de tecnologia, por meio da aplicação de softwares, apoiados em algoritmos matemáticos e estatística.
Desta forma, cria-se um terreno propício e relevante para um outro conceito, o Dataísmo, que se caracteriza como um movimento crescente na sociedade atual e que faz uso estratégico, integrado e inteligente de dados como base e indicadores reais para todo e qualquer tipo de escolha que envolva a tomada de decisões em tempo real, sempre com o objetivo primordial de alcançar a praticidade, exatidão e economia de tempo e recursos.
Sob seu contexto, os olhares contemplam passado, presente e futuro, num mesmo cenário.
Como hoje os dados estão em tudo e são chamados até como o novo petróleo, segundo ditado utilizado frequentemente no campo dos negócios, prevê-se, portanto, que, com adoção cada vez mais intensificada dos dados, aquele achismo utilizado nas decisões perca relevância no dia-a-dia da gestão empresarial.
Abre-se um espaço significativo de negócios para empresas que são conhecidas como nativas digitais, operam em sua grande maioria como startups e têm uma extensão “tech”, como as martechs, adtechs e fintechs, entre outras. Este é um dos principais motivos que leva à compreensão do tanto que se fala de empresas deste tipo.
Na comparação de que dados são o novo petróleo, é oportuno destacar que o petróleo, para ter seu valor, requer ser bombeado para fora da terra, ser colocado em barris, refinado, transformado, armazenado e distribuído, aqui na forma de combustível, o mesmo conceito se aplica com os dados, que, para terem valor no campo da gestão empresarial, precisam ser coletados e trabalhados dentro de determinadas práticas, pois, do contrário, teremos apenas um “bando de dados”, requerendo uma transformação para ser útil.
Num mesmo tipo de comparação de dados como o novo petróleo, o então CEO da Microsoft, Satya Nadella, na palestra de abertura da National Retail Federation (NRF), de 2020, fez alusão aos dados como sendo o oxigênio do varejo.
Para que você possa compreender de maneira um pouco mais prática a contextualização deste cenário, observe o que está ocorrendo com as agências que operam no modelo tradicional de comunicação e certamente notará que elas estão passando por um processo de transformação ou dissolução, dando lugar às martechs e adtechs, por exemplo, que têm uma vocação maior à transformação digital e estão ofertando um portfólio muito mais assertivo de soluções tecnológicas e criativas na comunicação, pautadas no Dataísmo.
Automaticamente, com a expansão destes negócios, abre-se um campo gigantesco ao surgimento de novas profissões, como Gestor de Comunidade, Designer de Experiência do Usuário, Cientista de Dados, Nutritor de Leads, Conteudista, Jardineiro de Web e Agile Marketing, dentre tantas outras igualmente profissões inovadoras em seus conceitos e práticas.
É um novo mundo que se abre a todos nós, com oportunidades e ameaças.
Compreenda a materialização do Dataísmo, por exemplo, por meio de duas plataformas digitais citadas aqui como exemplo e algumas de suas possibilidades de colaboração em questões básicas e pessoais: o Waze (www.waze.com) e Climatempo (www.climatempo.com.br) e veja como estes dois apps foram úteis na assertividade quando utilizados na tomada de uma decisão por você em assuntos relacionados a trânsito e clima.
Outras empresas que trabalham muito bem e de maneira estratégica o uso de dados na gestão de seus negócios são Amazon (www.amazon.com.br) e Domino´s (www.dominos.com.br).
É importante destacar a importância dos dashboards para a materialização dos resultados proporcionados pelo Dataísmo. Também conhecidos como painéis de controle, eles permitem uma melhor organização dos dados, por meio de tabelas e gráficos, por exemplo, em informações que constroem uma melhor compreensão estratégica, tática e operacional, no sentido informativo, de um fato que está sob análise, operando como uma ferramenta de gestão para exibição e acompanhamento de indicadores chaves de performance (KPIs), que facilitam, organizam e agilizam o processo decisório.
Um pensamento atribuído a Walter Longo, empreendedor digital, sócio-diretor da Unimark Comunicação e que acumula em seu currículo experiência como Presidente do Grupo Abril e Mentor de Estratégia e Inovação do Grupo Newcomm, resume a importância de dados contextualizada aqui, nesta discussão: “Quando morremos, somos doadores de órgãos. Quando vivemos, somos doadores de dados”.
No contexto destas discussões, não podemos deixar de considerar, a título de lembrete, a importância da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei nº 13.709, de 2018.
Os recursos tecnológicos de comunicação, como smartphones, Internet, apps, entre outros, são espaços onde validamos nossa presença digital e deixamos registrados o que chamamos de nossos rastros digitais, que são utilizados como dados. Tudo isto tem cores mais fortes a partir de 2007, quando Steve Jobs, da Apple, lançou o primeiro iPhone.
Um profissional que trata muito bem do assunto Dataísmo, conceitualmente e por meio de suas aplicações, é Romeo Deon Busarello, que é professor e atua como Diretor de Marketing e Ambientes Digitais da Tecnisa. Recomenda-se aos interessados no assunto que usem as plataformas digitais para terem acesso a diversos conteúdos preparados pelo Prof. Bussarello e que estão disponibilizados para consulta.
Outras fontes interessantes sobre o assunto são estas:
1.https://www.datadrivenmarketing.com.br
2.https://www.ekyte.com
3.https://rockcontent.com
4.https://www.salesforce.com
Há também um acervo de livros que igualmente tratam do assunto:
1. Cientista do Marketing: como vender para mais pessoas, mais vezes e pelo maior valor, de autoria de Denner Lipertt (Editora Gente, 2021);
2. Business Intelligence e Análise de Dados para Gestão do Negócio, de autoria de Ramesh Sharda, Dursun Delen e Efraim Turban (Editora Bookman, 2019);
3. Marketing na era dos dados: o fim do achismo, de autoria de Rodrigo Nascimento (Editora Évora, 2019);
4. Hacking Growth: a estratégia de marketing inovadora das empresas de crescimento mais rápido, de autoria de Morgan Brown e Sean Ellis (Editora Alta Books, 2018).
Para quem deseja uma reflexão mais sociológica- contemporânea e não técnica, ainda que indiretamente sobre o assunto, recomendamos alguns dos livros de Yuval Noah Harari:
1 - Sapiens: uma breve história da humanidade (Editora Companhia das Letras, 2020);
2 - 21 lições para o século 21 (Editora Companhia das Letras, 2018);
3 - Homo Deus (Editora Companhia das Letras, 2016).
Por fim, caso você deseje acompanhar uma série sobre o assunto, desenvolvida pelo Meio e Mensagem (www.meioemensagem. com.br), separamos um material bem interessante:
Episódio 1: Martechs: lado a lado com as adtechs
Dani Schermann, do Opinion Box, e Paulo Rogério Nunes, da Vale do Dendê e Afro TV, explicam a importância das martechs e adtechs para garantir a presença das marcas na jornada dos consumidores
Episódio 2: Ressignificando a cultura dos dados
Vitor Peçanha, da Rock Content, e Gian Martinez, da Winnin, explicam como educar o mercado de tecnologia atrelada ao marketing sobre a LGPD
Episódio 3: Tecnologia a serviço da criatividade
Lucas Reis, CEO da Zygon, e Saulo Marti, diretor de marketing da Olist, falam sobre a convergência entre tecnologia e marketing e como as novas possibilidades de personalização transformam o mercado de comunicação
Episódio 4: O futuro da inteligência tecnológica
Fernanda Baggio, VP de marketing da Neoway, e Eduardo Luiz Prange, CEO da Zeeng, discutem as tecnologias e tendências que vêm ditando o futuro das martechs no Brasil.
Balaminut | fevereiro 2022