A espiritualidade no mundo corporativo é um conceito neutro que está ligado a valores morais e éticos, à solidariedade, às atitudes positivas em relação ao próximo, ao respeito ao meio ambiente e à responsabilidade social quando tomamos decisões. A questão, independente da religião, está ligada intrinsicamente com o que acreditam os principais gestores da empresa. Ter consciência de que a prática diária de procedimentos positivos irá conduzir a bons resultados para seus semelhantes, são conceitos universais e a maioria das religiões os prega e respeita.
Estamos em meio a um enorme processo de transformação no mundo empresarial. A questão é que, cada vez mais, no mundo contemporâneo, tem sido necessário estimular pessoas e organizações a praticarem ações cidadãs e conscientes, e a espiritualidade no trabalho tem assumido um papel norteador fundamental nesse processo.
Vivemos num momento em que a tolerância e o respeito à individualidade vem crescendo, em especial dentro das empresas. Ao gestor cabe uma função importante dentro deste contexto: Como construir o meu mundo e o de meus semelhantes? O que posso fazer junto com meus colegas para construir um mundo melhor? Tudo isso se relaciona a uma postura espiritual positiva, à nossa capacidade individual e coletiva para promover mudanças significativas e duradouras para as nossas equipes e, no limite, para a humanidade.
Os gestores, além de realizarem com efetividade sua missão profissional e empresarial, também estarão se beneficiando, pois eles integram à mesma equipe e pertencem à mesma empresa. Dentre os benefícios de se ter um posicionamento espiritual claro e definido está o de possibilitar a seus colaboradores refletirem sobre suas metas e valores, avaliando se os mesmos estão em sintonia com os da organização. Faz com que o grupo ganhe unidade e que as relações sejam menos tensas e mais produtivas.
A estratégia de negócios deve nortear e fornecer significado a todos que trabalham. O lugar de trabalho ganha um sentido ampliado de satisfação. O papel gerencial dos líderes passa a incorporar a dimensão humana, orientando e apoiando o crescimento das pessoas, ajudando-as na realização de seus potenciais individuais. O que antigamente era visto como assunto desligado das empresas, como algo religioso ou até místico, hoje se insere como uma dimensão estratégica nas organizações. São consideradas as "empresas que aprendem".
A dica pode soar estranha a princípio, mas engana-se quem imagina que no mundo empresarial a espiritualidade e gerenciamento estratégico não se misturam. Hoje, é cada vez mais comum as empresas assumirem um posicionamento espiritual, utilizando-o, inclusive, como ferramenta de competitividade e resultado. E isso é possível criando uma cultura corporativa sustentada em ensinamentos universais que, alinhada ao plano de negócios da empresa, seja capaz de incentivar o intercâmbio de informações e experiências entre dirigentes e colaboradores, bem como de conduzir as políticas e decisões da organização.
Quando as empresas e as pessoas que nela trabalham têm esta consciência, a consequência é que fluem com maior facilidade os fatores mais buscados pelos executivos das empresas: a motivação, o desempenho, o espírito de equipe, a comunicação eficaz, a qualidade, o foco no cliente, e o "estar de bem com a vida". Os benefícios que podem ser esperados são a melhoria da qualidade de vida individual e coletiva, o estímulo às situações de crescimento e desenvolvimento, e o incentivo no sentido de parceria, criatividade, cooperação e trabalho em equipe.
Espiritualidade e autoconhecimento são irmãos gêmeos, estimulando ações de transformação pessoal e, consequentemente, de seus ambientes. Na medida em que as empresas desenvolvem com maior clareza sua missão e visão, estarão revelando as intenções reais, que precisam ter uma dimensão de transcendência, de servir a uma causa maior. Quando as pessoas se conectam a dimensão espiritual de suas tarefas do cotidiano, novos significados surgem. Quando olhamos a outra pessoa como um ser em processo de evolução, semelhante a nós, fica muito mais fácil o entendimento.
Temos que erradicar da alma todo medo que o futuro possa trazer ao homem, adquirir serenidade em todos os sentimentos e sensações a respeito do futuro, olhar para frente com absoluta equanimidade para com tudo que possa vir, e pensar somente que tudo o que vier nos será dado por uma direção mundial plena de sabedoria. Isto é parte do que temos de aprender nesta era, e saber viver em pura confiança. Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar. Precisamos disciplinar nossa vontade e buscar o despertar interior todos os dias.
As dimensões do intangível, do invisível e do espiritual, começam a se tornar mais presentes, e com isto os processos de transformação começam a fazer sentido e tem seu lugar. Eu começo a fazer a diferença, a transformar as pessoas e as nossas empresas em humanas quando integramos a mente e o coração, a matéria e o espírito, lembrando que o ser humano é indivisível.
Edição | 1701